Perdão por chegar à tua casa sempre atrasado.
A culpa é da minha vizinha que passa horas
indecisa com o que vai vestir.
Meus olhos são pivetes atrevidos.
Deleitam-se diante da janela aberta.
A vizinha, como disse antes,
é relutante: calcinhas, jeans,
vestidos, camisetas
nada a satisfaz
de imediato.
Range os dentes, faz careta,
morde a língua, dá pulinhos.
Meus olhos de querubim decaído
adoram esse ritmo louco
da vizinha.
Tu me pediste pra que eu fosse
em todas as situações sincero
contigo.
Desculpa, meu bem,
por chegar à tua casa
sempre atrasado com essa cara
de lobo mau que comeu
maçãs rosadinhas.
Meus olhos são uma peste,
uma peste, uma peste,
uma peste.
http://domingosbarroso.blogspot.pt/2012/08/voyeur.html